Você usa lente? Então responda com sinceridade! Alguma vez você precisou colocar a lente nos olhos sem a devida limpeza, seja porque ela ‘pulou’ dos seus olhos em um momento e local inesperados, ou porque simplesmente esqueceu de levar o produto adequado para a limpeza junto a você? Dorme com a lente dias seguidos? Já nadou sem tirar a lente dos olhos? Pois saiba que você pode ser vítima da ceratite acanthamoeba, um agente infeccioso que atinge a córnea, preocupa cada vez mais oftalmologistas e pode levar a cegueira. É sério!
De acordo com a oftalmologista Juliana Freitas, especialista em Córnea, Cirurgia Refrativa e Lentes de Contato do D’Olhos Hospital Dia, infecções por este parasita podem ocorrer em piscinas, mar, água-mineral engarrafada, mucosa nasal e cavidade oral de humanos, solo e ar, mas a principal forma e a mais frequente de contaminação pode ser verificada em usuários de lente de contato, já que normalmente a higiene e conservação precária estão relacionadas à doença. “Muitas pessoas nem limpam o estojo e, quando vão guardar as lentes, apenas completam o líquido”, afirma a médica.
Segundo a oftalmologista, a lente de contato serve como um habitat para o parasita. Após as amebas aderirem as lentes, elas atingem a superfície da córnea, por onde penetram e causam infecção. “A situação pode evoluir para o tecido da córnea e levar o paciente a uma baixa visão ou cegueira, mesmo quando adotado um tratamento agressivo. A dor intensa é um sintoma clássico da infecção”, explica a médica.
A higiene inadequada das lentes de contato é considerada o principal fator de risco. A acanthamoeba já se mostrou presente nas lentes da maioria dos usuários de lentes de contato, mas os casos mais frequentes ocorrem em usuários de lentes gelatinosas de uso diário e prolongado, quando comparados aos que usam lentes rígidas gás-permeáveis. Os usuários de lentes rígidas, diante da dificuldade de adaptação, geralmente são acompanhados por oftalmologistas, levando a uma melhor prevenção.
Para diagnosticar é necessário fazer a raspagem da córnea para esfregaço corado com calcofluor branco ou para um meio de cultura pobre em nutrientes. Apesar do progresso no diagnóstico e tratamento, ainda não há medicamento eficaz para combater os casos de ceratite por acanthamoeba. Estes protozoários são mais susceptíveis aos agentes antimicrobianos que os cistos, e altamente resistentes, dificultando o tratamento clínico da doença. Além disso, espécies e cepas diferentes, com variadas resistências, estão envolvidas, tornando difícil a identificação de uma ou mais drogas efetivas as amebas.
O tratamento é feito com polihexamidime e Biguanida, mas a duração é indefinida. A doença poderá desencadear catarata, glaucoma e a perda da visão. “A ceratite por acanthamoeba apresenta quadro clínico bem estabelecido, mas é frequentemente confundida com outras ceratites infecciosas, como a ceratite herpética, o que retarda o início do tratamento específico”, ressalta a Dra. Juliana Freitas. “Por ser devastadora, a doença exige diagnóstico preciso, tratamento imediato e boa orientação”, finaliza a médica, ressaltando que um oftalmologista deve ser consultado caso apareça algum sintoma.
Fonte: Revista Saúde
