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Auditoria aprova início dos testes da vacina contra a Covid na Famerp, em Rio Preto

Após auditoria dos dez primeiros teste realizados, Famerp recebeu aval para prosseguir na pesquisa da vacina contra o coronavírus e aplicar a dose em pelo menos mais 390 voluntários

A primeira etapa dos testes da vacina chinesa contra a Covid-19 em Rio Preto foi aprovada nesta quinta-feira, 13, por auditoria contratada para acompanhar o estudo. Nesse primeiro momento, dez profissionais de saúde que estão na linha de frente da doença na cidade e que não tiveram coronavírus receberam a primeira dose. A testagem continua nos próximos 30 dias para aplicação em até 400 voluntários.

A Coronavac foi desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac Life Science e é uma das sete vacinas contra o coronavírus em estudos avançados no mundo. A terceira e última etapa dos testes do imunizante em humanos, no Brasil, está sendo realizada em parceria com o Instituto Butantan. A previsão é testar a eficácia e segurança da vacina em nove mil voluntários, em 12 centros de pesquisas dos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Paraná e no Distrito Federal.

Todos eles serão auditados até o fim da pesquisa. “Todos esses estudos, como o da vacina da dengue, são monitorados por órgãos de regulação”, explicou o coordenador da pesquisa em Rio Preto, o virologista Maurício Lacerda Nogueira.

Os testes iniciaram em rio Preto na sexta-feira, dia 7. Após os primeiros dez recrutados, os auditores pararam a aplicação para conferir o processo. “Eles conferem documento por documento, página por página, assinatura por assinatura pelas boas práticas clínicas”, disse o médico.

Os auditores aprovaram a Famerp como um dos núcleos de pesquisas para continuidade da testagem. “Resultado, tudo certo. Agora damos continuidade na aplicação e novas auditorias devem ser feitas periodicamente, mas sem parar o estudo”, disse o virologista.

Com cerca de 480 voluntários inscritos, a expectativa da equipe da Famerp e do Butantan é de aplicar os testes em 400 voluntários – esse número pode ser maior no final. As doses são aplicadas pelo método duplo-cego, ou seja, nem voluntários e nem pesquisadores sabem quem tomou a vacina e quem tomou o placebo (sem efeito).

Todos eles tomarão duas doses num intervalo de 14 dias e serão acompanhados por um diário para anotação de possíveis sintomas, pela equipe de pesquisadores. Quem tiver sintomas passará por exames.

A médica do Hospital de Base Gabriela Leopoldino da Silva, 29 anos, foi uma das primeiras a receber a dose, no dia 7. Como outros participantes, todos os dias ela anota a temperatura no diário e informa se houve sintomas. “Não tive nenhum deles”, afirmou.

A profissional, como os demais, está sendo acompanhada também por telefone. “A equipe de pesquisadores também entrou em contato, durante essa semana, para a coleta de informações sobre os possíveis efeitos colaterais da vacina”, contou. Ela disse que não houve nenhum efeito colateral, por enquanto. Na próxima semana está prevista a segunda consulta para segunda dose.

O médico anestesista da Santa Casa João Casella, 41 anos, testado também no dia 7, se diz bem. “Sem nenhum sintoma e fazendo minhas anotações. Sem relaxar com a proteção, pois a vacina é duplo cego randomizado (sorteado). Posso ter recebido apenas água destilada”, disse.

Casella disse confiar na pesquisa. “Os moldes do estudo são os mais confiáveis. Resta saber os resultados para anticorpos e tempo para chegarmos no denominador comum”, afirmou. Para Gabriela é a esperança contra a pandemia. “De que muito em breve a prevenção dessa doença cruel, que desestruturou tantas vidas e famílias, esteja disponível a toda a população”, finalizou.

A vacina

O Instituto Butantan informou nesta quinta-feira que todos os centros que passaram pela auditoria foram aprovados. A expectativa dos pesquisadores é registrar a vacina na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no final de outubro. Posteriormente, a Sinovac e o Butantan devem firmar acordo de transferência de tecnologia para produção em escala e fornecimento gratuito pelo SUS.

As vacinas

Sinovac

  • Farmacêutica chinesa, produz a Coronavac
  • Está em fase avançada de testes no Brasil (inclusive em Rio Preto) e na Indonésia
  • Tem parceria com o Instituto Butantan para testes no Brasil e, se for eficaz, produção
  • Segundo o governo paulista, caso os testes demonstrarem segurança, vai ser pedida liberação emergencial à Anvisa já em outubro para a vacina ser disponibilizada

Oxford/Astrazeneca

  • Universidade de Oxford, do Reino Unido, e Astrazeneca, farmacêutica anglo-sueca
  • Está em fase avançada de testes na Inglaterra, África do Sul, Índia e Brasil
  • Tem parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para testes no Brasil e, se for eficaz, produção.
  • Os pesquisadores responsáveis dizem que ela pode começar a ser disponibilizada em outubro

Moderna

  • Empresa americana
  • Está em fase avançada de testes nos Estados Unidos – 30 mil voluntários devem tomar doses
  • Tem parceria com o governo americano, que já garantiu 100 milhões de doses caso o resultado do estudo seja positivo
  • Previsão de finalizar os estudos entre o fim deste ano e início do próximo

BioNtech/Pfizer/Fosun

  • Coalização das empresas alemã, americana e chinesa
  • Está em fase avançada de testes nos Estados Unidos e outros países, entre eles Argentina, Brasil e Alemanha – 30 mil voluntários devem tomar doses
  • Os governos americano e japonês compraram 100 milhões e 120 milhões de doses, respectivamente
  • Previsão é que esteja pronta no ano que vem

CanSino

  • Empresa chinesa
  • Vai começar os testes da fase 3 (a mais avançada) na Arábia Saudita. Há negociações com outros países também
  • Sem previsão de conclusão

Sinopharm

  • Farmacêutica chinesa
  • Está em fase avançada de testes nos Emirados Árabes Unidos
  • O governo do Paraná também fez acordo para fazer testes da vacina
  • Expectativa é estar pronta até o fim do ano

Sputnik

    • Fabricada por farmacêutica russa, com apoio do Ministério da Defesa do país
    • Os dados do estudo não foram divulgados pelo governo russo, o que gera desconfiança da comunidade científica mundial
    • Segundo o governo russo, está na fase final de testes, que vai contar com 2 mil pessoas do país
    • O governo do Paraná fechou acordo com a Rússia para compartilhar a pesquisa e produzir as doses, caso o estudo demonstre a eficácia

Anticorpos de cavalos

Um soro inteiramente desenvolvido no Brasil apresentou anticorpos neutralizantes até 50 vezes mais potentes contra o Sars-CoV-2 do que os presentes no plasma sanguíneo de pessoas que tiveram Covid-19. O resultado foi considerado “excelente” pelos cientistas que desenvolveram o produto e abre caminho para um tratamento mais eficiente contra a doença. Os pesquisadores aguardam uma autorização da Anvisa para começar a testar o soro em seres humanos.

O plasma de pessoas que tiveram Covid já está sendo usado no tratamento da doença, como uma forma de oferecer anticorpos extras para o paciente que ainda luta para combater ao vírus. O princípio do soro é semelhante.

A diferença é que ele está sendo produzido em cavalos e, segundo os primeiros resultados, é muito mais potente. Esses anticorpos são posteriormente purificados e podem ser injetados nos pacientes.

“Temos que fazer tudo com muito cuidado para não criar falsas ilusões”, ponderou Jerson Lima Silva, que é pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e participou do projeto. “Mas a resposta foi impressionante, muito acima das nossas expectativas.

“Em maio, cinco cavalos foram inoculados com uma proteína S recombinante do coronavírus produzida na Coppe/UFRJ. Depois de 70 dias, os plasmas de quatro animais apresentaram anticorpos de 20 a 50 vezes mais potentes contra a Covid.
(Agência Estado)

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