Loading...

Carlos Wizard constrói hospital de campanha para tratar Covid-19

Há duas semanas, quando o Brasil fechou a fronteira com a Venezuela, em razão da pandemia do novo coronavírus, o empresário – e bilionário – Carlos Wizard Martins, de 63 anos, fez o caminho de volta de Boa Vista, em Roraima, para Campinas, no interior de São Paulo, onde fica sua casa. Wizard e a esposa — Vânia, de 61 anos – haviam se mudado para Boa Vista em agosto de 2018, para ajudar refugiados venezuelanos que migravam em massa para o Brasil, fugindo do desemprego e da fome em seu país. (Para quem não está ligando o nome à pessoa, Wizard tornou-se estrela no mundo dos negócios em 2014, ao vender por 2 bilhões de reais sua rede de escolas de inglês ao grupo britânico Pearson). Se o trabalho de ajuda aos refugiados – que duraria até julho deste ano – foi interrompido alguns meses antes pela pandemia da Covid-19, o combate à doença acabou se transformando na nova missão de Wizard. Em duas semanas, ele, Vânia e o médico Ricardo Afonso Ferreira, diretor da organização não governamental Expedicionários da Saúde, organizaram a construção de um hospital de campanha que atenderá pacientes de Covid-19 em Campinas. Ele será inaugurado no próximo dia 10.

A estrutura terá 50 leitos de UTI, e está sendo construída ao lado do Hospital de Clínicas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) — o atendimento será feito pelos profissionais do HC universitário. A nova missão de Wizard tem tudo a ver com a anterior. O hospital de campanha, que pertence à Expedicionários da Saúde, já funcionava em Boa Vista para atender aos refugiados que chegavam com problemas de saúde ao Brasil. Com a fronteira fechada, o hospital também havia perdido a função. Em uma conversa telefônica, Wizard perguntou ao médico e amigo Ferreira se a estrutura não poderia ser montada em Campinas. A resposta foi “sim”, mas alguém teria de custear o transporte. A partir daí o empresário colocou em ação a mesma rede de contatos que viabilizou a missão com os refugiados. A Azul fez o transporte do hospital gratuitamente a pedido de Wizard. As quatro toneladas de carga chegaram na quarta-feira, 1 de abril, em um Airbus. A companhia aérea foi a principal parceira no projeto de interiorização dos venezuelanos, tendo transportado, sem cobrar, cerca de 10 mil refugiados de Boa Vista para outras cidades brasileiras onde a turma de Wizard providenciava hospedagem e entrevistas de emprego. O fundador da Azul, David Neeleman, nascido no Brasil e criado nos Estados Unidos, também é mórmon, da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, como Wizard.

Seguindo o mesmo modus operandi que aplicou no projeto de auxílio aos refugiados, Wizard foi aumentando o grupo de doadores do movimento batizado de #EUFAÇOPARTEDASOLUÇAO, “composto por todo cidadão do bem, de bom coração, disposto a contribuir para salvar vidas de quem estiver contaminado com o novo coronavírus”, definiu Wizard a Veja. O hospital, que originalmente tinha apenas 30 leitos de UTI, ganhou outros dez com a contribuição do empresário Elie Horn, fundador da incorporadora Cyrela. Em seguida, chegou a 50, com doações de um grupo de empresários que preferiu não se identificar. Até uma dupla sertaneja, que também pediu para não ter o nome divulgado, entrou com 200 mil reais.

Agora, Wizard está confiante que terá uma nova fonte de receita para custear o hospital: a venda do livro que estava prestes a lançar O meu maior empreendimento, da editora Buzz, em que relata a experiência de quase dois anos com os refugiados em Boa Vista. Em razão da crise, a editora adiou o lançamento apenas para dezembro, mas Wizard decidiu lançar já a versão eletrônica, a 9 reais, e reverter todas as vendas para o custeio do hospital. A cada exemplar vendido, ele contribuirá com outros 9 reais. O plano é vender 100 mil exemplares, chegando a milhões de reais. Independentemente do sucesso dessa ação, o hospital abrirá as portas.

Fonte: Revista Veja

Carlos Wizard constrói hospital de campanha para tratar Covid-19 - D'Olhos Hospital Dia