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Como lidar com a solidão durante o isolamento social

Desde que a Organização Mundial de Saúde (OMS) decretou pandemia mundial, causada pelo novo coronavírus, o isolamento social se tornou uma medida urgente para todos, principalmente para os grupos de risco, como idosos, diabéticos, hipertensos, entre outros. A ordem é clara: sair do isolamento social apenas se for realmente necessário.

O isolamento social é uma  das formas de conter o vírus, já que dificulta a sua disseminação, entretanto, essa medida também pode ter um impacto psicológico considerável. Como exemplo podemos citar a China, onde a doença surgiu. Segundo as autoridades daquele país, houve um aumento nos casos de divórcio, ansiedade e depressão no país.

A psicóloga Mara Lúcia Madureira afirma que, antes de tudo, é preciso diferenciar solidão de isolamento social. “O isolamento social é uma condição objetiva de ausência de contato com pessoas significativas. Já a solidão é uma condição subjetiva de sofrimento emocional, angústia e mal-estar por se sentir só, mesmo convivendo com outras pessoas. É a sensação de desamparo e de estar desprovido de atenção e afeto”, explica.

A psicóloga explica que o comportamento humano muda quando saímos da rotina e deixamos de ver pessoas com a mesma frequência com que costumávamos fazer. “Qualquer mudança na rotina provoca alterações nas emoções e no comportamento. O isolamento social pode provocar certo sentimento de vazio, perda, desvalia, desamparo e depressão. Além dos problemas emocionais, o isolamento social aumenta o risco de estresse, da elevação da pressão arterial, de doenças infecciosas, acidente vascular cerebral (AVC) e aceleração dos efeitos deletérios no funcionamento cerebral. Em casos crônicos e graves, os riscos de morte natural e de suicídio também são maiores”, conta.

Rosana Cristina Garcia Targa, 54 anos, mora sozinha e conta que para manter contato com os amigos e principalmente com os parentes, buscou meios alternativos. “Moro longe dos meus familiares, eles moram em São Paulo. Eu sempre ia visitá-los, mas agora com essa questão, nós montamos um grupo no WhatsApp e conversamos todos os dias para mantermos o contato”, conta.

Rosana conta também que procura fazer atividades diversas para passar o tempo.  “Quando a gente trabalha fora deixa muita coisa pra fazer em casa, então agora eu fico cuidando da casa, higienizo tudo, organizo as roupas e documentos. Deixo a televisão ligada o tempo todo, para sempre ir me atualizando das notícias, depois assisto a alguns filmes e séries que gosto muito”.

Estratégias

Mara afirma que para lidar com o isolamento social as pessoas precisam desenvolver um conjunto de estratégias para enfrentá-lo e se adaptar às circunstancias atuais “É preciso encontrar em si os recursos para orientar o pensamento para uma perspectiva otimista, melhorar o humor e explorar as possibilidades ambientais para a prática de ações gratificantes e, desse modo, lidar com a situação de um jeito não estressante”, afirma.

A especialista sugere que se avalie a situação como um evento fora do controle pessoal. “Praticar atividades agradáveis como interagir com as pessoas por telefone ou redes sociais, fazer trabalhos manuais, leitura, assistir filmes ou séries, testar novas receitas, entreter-se com bichos de estimação, pensar sobre ações sociais que possam ser implementadas agora, mesmo à distância, fazer projetos para depois da crise”.

A psicóloga Karina Younan complementa que é importante procurar alguma atividade para ser feita quando estamos isolados.”Pode-se resgatar um hobby que goste, também é possível por em prática aquela faxina que estava sendo adiada por falta de tempo, arrumar os armários, cozinhar, separar fotos antigas, entre outras coisas. Devemos entender que esse isolamento é apenas um período, vai passar. E para aqueles que não conseguem ficar longe da família é possível utilizar a tecnologia para encurtar as distancias e entrar em contato com os familiares”, conclui.

Idosos

A psicóloga Karina ressalta que os idosos já passaram por muitas experiências e perspectivas envolvendo estresse, com isso, tendem a não aceitarem o isolamento total. “Eles se mostram dispostos a enfrentar os problemas e não aparentam ter receio das consequências”.

A especialista afirma que os idosos não devem deixar de seguir uma rotina. Se não é possível manter os mesmos hábitos de antes da quarentena, o ideal é criar um novo estilo de viver. “Muitas vezes, aquele idoso costumava varrer a calçada pela manhã e passar a tarde ali, ir até praças ou à casa dos vizinhos. Ele tinha a rotina programada, então deixar isso para trás pode fazer falta, por isso é necessário realizar um preparo mental, preparar algo dentro do possível para que esse período não seja tão difícil”.

Em relação à solidão, Karina sugere como método da auxílio para diminuir esse sentimento a percepção do carinho e resguardo, além de sempre manter contato com a família. “Muitos idosos estão a sós porque a família tem preocupação com o estado de saúde deles, querem que não se contaminem. É importante reconhecer que essa solidão provém de uma preocupação familiar. Entender isso ameniza o sentimento, já que se percebe a preocupação e o carinho do outro”.

(Colaborou Yasmin Lisboa)

Fonte: Diário da Região

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