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Crianças podem transmitir mais a covid-19 que adultos, diz estudo

Pesquisadores americanos afirmam que crianças infectadas com o novo coronavírus têm alta carga viral.

Um estudo realizado por pesquisadores do Hospital de Massachusetts, em Boston, nos Estados Unidos, descobriu que crianças infectadas com a covid-19 têm alta carga viral e, ao contrário do que se acreditava até agora, podem transmitir mais a doença do que adultos.

A pesquisa foi divulgada em meio às discussões em vários países sobre o reinício das aulas presenciais, suspensas em todo o mundo por causa da pandemia. Mais de 1 bilhão de alunos estão fora das escolas, segundo a ONU, que diz que a situação pode provocar uma “catástrofe geracional”.

Publicado pelo “Journal of Pediatrics” nesta quinta-feira, o estudo é o mais abrangente realizado desde o início da pandemia e contraria outras pesquisas que não tinham encontrado fortes evidências de que as crianças contribuíssem para a disseminação do vírus.

O trabalho avaliou 192 indivíduos, com idades entre 0 a 22 anos, que deram entrada no hospital, ligado à Escola de Medicina da Universidade de Harvard. Do total, 49 testaram positivo para a covid-19 e metade deles apresentou sintomas da doença, como a febre. Mais de 50% estavam frequentando a escola.

Os resultados conclusivos foram obtidos em um grupo de pessoas com idades entre 0 a 16 anos. Nos estágios iniciais da covid-19, os cientistas encontraram nas crianças um nível de carga viral superior ao de adultos internados em unidades de terapia intensiva, ou seja, com quadros graves da doença.

Para os autores, os dados coletados pelo estudo contestam a hipótese de que as crianças são menos suscetíveis a se infectar e a transmitir a covid-19 por terem um número reduzido de receptores do novo coronavírus — a chamada proteína ACE —, argumento central de outras pesquisas publicadas até agora.

Os resultados também são um alerta para autoridades de todo o mundo, que discutem como reabrir as escolas de forma segura, sem ameaçar a saúde de estudantes e professores. No estudo, os autores também fazem recomendações sobre que medidas devem ser tomadas para evitar um aumento de casos a partir do reinício das aulas.

“Nossos resultados sugerem que seria ineficaz confiar nos sintomas ou no monitoramento da temperatura para identificar a infecção por Sars-CoV-2. Em vez disso, as medidas de controle de infecção deveriam minimizar a possibilidade de disseminação viral, incluindo preocupações de distanciamento social, uso de máscara e/ou aprendizagem remota”, disseram os autores.

Além disso, os pesquisadores também sugerem que as escolas criem um protocolo rígido para testar com frequência todos os alunos.

“Sem medidas de controle de infecção como essas, há um risco significativo de que a pandemia persista”, disseram eles, citando a hipótese de que as crianças possam levar o vírus para casa e expor adultos de grupos de risco para a doença.

“Este risco é particularmente alto em comunidades de baixa renda, onde o tamanho da família pode ser maior com coabitação multigeracional e maior densidade habitacional”, alertaram os pesquisadores.

Fonte: Valor Econômico

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