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Pandemia muda estrutura da saúde pública em Rio Preto

UPAs transformadas em UTI, ampliação emergencial do número de leitos, remanejamento de recursos humanos e equipamentos foram algumas medidas adotadas para garantir atendimento e evitar que a cidade regrida de fase no Plano SP.

A pandemia de coronavírus obrigou a Secretaria de Saúde de Rio Preto a implementar mudanças na rede pública de atendimento, a começar pelas unidades básicas. Nove delas estão neste momento destinadas apenas a pacientes com sintomas respiratórios.

“Essa estrutura é pela demanda de casos. Começamos com dez unidades, diminuímos para cinco lentamente e com o aumento de casos aumentamos as unidades”, afirma o secretário de Saúde, Aldenis Borim. “Mesmo nas unidades respiratórias, não se deve ter aglomerações, porque ali pode ter Covid e não Covid. A gente vai aumentando gradualmente, conforme a necessidade.”

As outras unidades de saúde continuam atendendo, mas somente as consultas de pacientes prioritários, como aqueles com comorbidades e com suspeita de tumores. Alguns agendamentos foram postergados com o objetivo de evitar aglomerações. A demanda nessas UBS aumentou. “Teríamos maior movimento nas demais unidades e haveria aglomeração, além de (necessitar de) recursos humanos, que é a mão de obra que está sendo deslocada para o respiratório”, explica.

Na rede pública, foram criados leitos específicos para pacientes com coronavírus na Santa Casa e no Hospital de Base, que também atendem pacientes particulares. Suspeitos e confirmados ficam em alas diferentes. São vários desafios, dentre eles o espaço físico, pois cada cama deve ficar a pelo menos dois metros de distância da outra. Outro problema enfrentado é com relação ao pessoal: as equipes precisam atender exclusivamente pacientes com coronavírus, não podendo transitar entre setores. Além disso, muitos profissionais de todas as frentes de atendimento estão se contaminando e até morrendo, enfraquecendo as forças de trabalho da saúde. Somente em Rio Preto, 1.007 profissionais tiveram a doença confirmada (14% do total de casos).

O Hospital Estadual João Paulo 2º, que atendia casos eletivos de Rio Preto e região, agora atende também urgências e emergências, para desafogar um pouco os leitos de Santa Casa e HB.

Nesta semana, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Jaguaré foi transformada em uma espécie de hospital para atender casos graves e moderados de Covid-19. Assim como nos hospitais, os pacientes não devem se dirigir para lá em livre demanda, mas ser encaminhados pelo Samu.

Há dez leitos para casos graves e 20 para os moderados, todos com respiradores enviados pelo Estado, com possibilidade de mais dez sem respiradores, se necessário. Outras duas UPA estão estruturadas para pacientes com sintomas de gripe.

Nesta quarta-feira, 22, foram inaugurados dez leitos de UTI no Hospital de Jaci, em uma parceria com a Secretaria de Saúde de Rio Preto, além dos 18 já existentes na enfermaria. No fim da tarde, havia 17 pacientes na enfermaria e dois ocupavam as vagas de alta complexidade. Se necessário, mais dez leitos de UTI podem ser montados.

Como tem sido visto, grande parte dos pacientes com coronavírus que precisam de hospitalização apresenta quadros graves. Dentre os 307 internados em hospitais públicos e particulares nesta terça-feira, 182 tinham a doença diagnosticada e 92 estavam em UTI.

A pandemia está no pico e estima-se que essa fase deve durar pelo menos mais duas semanas, mas o secretário Borim destaca que não é possível abrir leitos indefinidamente, daí a importância de tentar frear a propagação do vírus.

“O espaço físico não é nossa limitação, nós temos. A capacidade é limitada em vários fatores: equipamentos para todos esses leitos, medicação e recursos humanos”, pontua. “Nós sabemos que o Brasil todo está sofrendo com falta de kits de intubação, além de alguns antibióticos.”

Segundo o médico, os sedativos e relaxantes musculares estão vindo a conta-gotas, e um centro empresta para o outro. “Por enquanto não teve nenhum paciente que não tinha medicação, mas todo mundo suspendeu as cirurgias eletivas.” Os remédios estão em falta na região inteira. As empresas farmacêuticas não estão encontrando matéria-prima para produzir os remédios, essenciais na intubação.

A demanda aumentou muito com a pandemia, pois um paciente com coronavírus pode passar semanas precisando de ventilador pulmonar, e precisa de sedativos durante todo esse tempo – diferente de alguém que faz uma cirurgia de remoção de hérnia e precisa das substâncias por algumas horas, por exemplo.

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Fonte: Diário da Região

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