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Presbiopia, a doença de quem já chegou aos 40 anos

Se você tem mais de 40 anos, provavelmente já começou a sentir os efeitos da famosa “vista cansada”. Está ficando mais difícil ler um livro, jornal ou revista, não é mesmo? As telas do computador e do celular, então, são um grande desafio. Até retocar a maquiagem ou fazer a barba têm sido tarefas complicadas. Esses são os sintomas da chamada presbiopia, que começa a surgir a partir dos 40 anos de idade e se caracteriza pela dificuldade em focalizar objetos mais próximos, especialmente com pouca luz.

O oftalmologista Murilo Bertazzo, do HO Redentora, afirma que a partir dos 40 anos todos nós passamos a ter dificuldade de enxergar de perto por causa da presbiopia ou vista cansada. “A diminuição da visão de perto é causada pelo envelhecimento do cristalino – lente interna do olho – que perde a flexibilidade para focalizar automaticamente as imagens em diferentes distâncias”, explica.

A estimativa é que no Brasil pelo menos 75% da população adulta com mais de 40 anos apresente dificuldade para enxergar de perto. Já em termos globais, de acordo com a empresa Market Scope, há cerca de 1,7 bilhão de pessoas e esse número deve subir para 2,1 bilhões em 2020. Segundo o oftalmologista Renato Neves, a maior parte das pessoas que têm presbiopia nunca ouviu falar sobre o problema ou acha que faz parte da vida – e por isso deixa de buscar ajuda especializada e conhecer as opções de tratamento.

Por que acontece

O cristalino é a lente natural do olho que faz a focalização das imagens nas diversas distâncias. Ele tem o formato de um tremoço transparente e elástico. É uma lente positiva de alto poder refracional, e este poder pode ser alterado pela mudança na sua forma. Quando mais grosso o cristalino, maior a sua capacidade de focalizar de perto. “Quem provoca a mudança da forma do cristalino, dentro do olho, é o músculo ciliar, um músculo circular localizado logo atrás da íris (parte colorida do olho)”, diz o oftalmologista Carlos Figueiredo, especialista em catarata e íris do D’Olhos Hospital Dia. Quando o músculo ciliar se contrai, o cristalino fica mais espesso e, portanto, aumenta o seu poder de refração para focalizar os objetos que estão mais perto do olho.

Primeiro sinal da catarata

O primeiro sinal da presbiopia é quando começamos a colocar o jornal mais distante para podermos ler. No início conseguimos ainda ler distanciando o objeto, mas depois de alguns anos não é mais possível, a não ser com a utilização de óculos com lentes positivas, que compensarão a falta de acomodação do cristalino.

Podemos dizer, então, que a presbiopia é o primeiro sinal da formação da catarata, pois a primeira consequência do envelhecimento do cristalino é o seu endurecimento. Depois dos 50 anos, o cristalino começa a amarelar, perdendo a sua transparência. “Só quando esta opacificação começa a atrapalhar a visão é que dizemos que temos catarata, mas na realidade esta começa logo depois dos 40 anos com o endurecimento do cristalino e a consequente perda da sua capacidade de mudar sua forma”, diz o oftalmologista Carlos Figueiredo.

Correção vai de óculos a cirurgia

Existem várias formas de correção da presbiopia. A mais simples delas é a utilização de óculos para leitura de perto. Outras formas exigem um processo cirúrgico. Pode-se mudar a forma da córnea com laser, que é a cirurgia refrativa, mas esta sempre terá um efeito provisório. “A cura definitiva só pode ser conseguida com a troca da lente natural do olho por uma lente artificial que consiga focar tanto longe como perto. Sempre que operamos uma catarata, podemos fazer também a cura da presbiopia, e isso é feito naturalmente hoje com um nível muito baixo de complicações”, diz o oftalmologista Carlos Figueiredo.

A cura definitiva da presbiopia só acontecerá, segundo ele, com o desenvolvimento de medicações que evitem a formação da catarata. “Estamos muito longe disto ainda, pois seria como estancar o envelhecimento, ou seja: encontrar a fonte da juventude”, complementa. A preocupação final é que todo novo medicamento tem seus efeitos colaterais e o trabalho de pesquisa não é apenas descobrir um produto que funcione, mas também diminuir seus efeitos colaterais.

“Um colírio está em estudo clínico nos Estados Unidos, conduzido por uma empresa farmacêutica, mas em fase inicial, e não há nada de concreto publicado. Vamos ter de esperar os resultados finais para ver se daqui a alguns anos será bem tolerado, não terá efeitos colaterais e será seguro para o paciente”, diz o oftalmologista Murilo Bertazzo.

Fonte: Diário da Região

Presbiopia, a doença de quem já chegou aos 40 anos - D'Olhos Hospital Dia