O serviço de emergência do University Hospital San Luigi Gonzaga, na Itália, está recebendo um paciente atrás do outro, sem parar. Inicialmente os médicos acharam que idade avançada era um bom preditor de piora rápida dos casos. Eles estavam errados. “Intubamos uma mulher de 38 anos”, disse o médico Dr. Giovanni Volpicelli. “Atendemos pacientes que – não fosse pela doença – seriam saudáveis, com sintomas de pneumonia aguda por conta da infecção pelo vírus”. E, quanto mais pacientes eles atendiam, disse o médico, “ficava mais claro que qualquer pessoa com mais de 30 anos pode ser acometida”.
Como os médicos não podiam usar idade, nem comorbidades para prever quais pacientes desenvolveriam pneumonia grave associada à infecção pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2, sigla do inglês, Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2), eles precisavam de uma nova estratégia. Isso foi que levou o Dr. Giovanni, um dos maiores especialistas em tratar pacientes com SARS-CoV-2 na linha de frente, a desenvolver um método que pode diferenciar os casos letais dos menos agressivos: a triagem por ultrassom.
A técnica ainda não passou pela revisão por pares, mas Dr. Giovanni e colaboradores estão convencidos de que a ultrassonografia pulmonar deve ser realizada à beira do leito em todos os pacientes com suspeita de infecção pelo novo coronavírus. Mesmo pessoas com sintomas leves, disse ele, podem desenvolver doença pulmonar, que rapidamente causará pneumonia grave e insuficiência respiratória. Na sua experiência, a avaliação por ultrassonografia diferencia de forma efetiva os pacientes que precisam ser internados dos que podem ser encaminhados para casa, para se recuperarem em quarentena.
Criando um protocolo de triagem
Dr. Giovanni e sua equipe desenvolveram uma abordagem padrão, que começa com a enfermagem classificando os pacientes de acordo com sintomas como febre, tosse ou dificuldade de respirar – a presença de apenas um desses sintomas é suficiente para o paciente ser considerado caso suspeito e colocado em isolamento. O Dr. Giovanni disse que, depois do exame físico, “a primeira coisa que fazemos é a ultrassonografia do pulmão”.
Isso porque, conforme a pandemia se alastrava pela sua cidade, o médico começou a perceber que a radiografia de tórax de muitos pacientes não apresentava alterações, mas a ultrassonografia do pulmão indicava pneumonia intersticial. Ele descobriu que a ultrassonografia era muito útil tanto para o rastreamento como para o diagnóstico da doença. “Apenas com um teste capaz de avaliar o estado do pulmão no início da doença, você já sabe se existe a possibilidade de pneumonia… mesmo em pacientes com sintomas leves ou quase sem sintomas – apenas um pouco de febre”, disse o Dr. Giovanni.
Na maioria das vezes, o resultado da ultrassonografia é negativo, e a equipe do serviço de emergência pode continuar com outros exames diagnósticos. Eles fazem um swab das cavidades nasais para testes com a reação em cadeia da polimerase – transcriptase reversa (rRT-PCR), depois mandam o paciente para casa para aguardar os resultados em isolamento.
Fonte: MedScape
